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AZONASUL SEDIA COMITÊ REGIONAL DE CRISE PARA ENFRENTAMENTO DAS CHUVAS




Na manhã desta segunda-feira (11), Andreia dos Santos Pereira, 22, reorganizava o que sobrou de sua casa, na rua Adalberto Guerra Duval, vila Farroupilha, quando recebeu a notícia de que a previsão era de mais chuva à noite. Uma frente fria que avançou pelo oceano iria provocar instabilidades para a Metade Sul já nesta madrugada. Diante do cenário, a expressão da jovem foi de total desalento pois, na sexta-feira, ela, o marido e os três filhos tiveram de sair às pressas depois que o canal Santa Bárbara transbordou. O mesmo alerta - mais de 150 milímetros de precipitação nos próximos dias -, mobilizou a Defesa Civil da Região e ainda nesta segunda foi criado o Comitê de Gestão de Crise. Em Pelotas, as aulas foram suspensas nesta terça e quarta-feira.


Na sede da Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul) um QG foi instalado para ações estratégicas e concentrações de informações. Nele, entidades e órgãos como Polícia Rodoviária Federal, Bombeiro Civil, Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), rede de ambulâncias, sindicato de fisioterapeutas, Conselho Regional de Psicólogos, Justiça Federal, Polícia Civil, IGP, Brigada Militar, Exército, CEEE e Corsan se comprometeram a apoiar no que for necessário caso venha a ocorrer episódios de enxurradas e alagamentos. No encontro, a CEEE, embora não se tenha perspectivas de ciclone, disse que a equipe de reforço enviada para as ações de julho se mantém na região. A Corsan está de prontidão para que não haja falta de água na região, a PRF colocou o helicóptero à disposição, assim como o Comando Regional de Policiamento do Sul.


Na questão da saúde, 12 ambulância da Movicor estão à disposição; o Conselho de Psicólogos já abriu inscrições para voluntários que queiram atuar nas áreas afetadas e a 3ª CRS está pronta caso hospitais da região tenham problemas e pacientes precisem ser transferidos. A Justiça, por exemplo, vai solicitar que todo valor arrecadado em pena pecuniária retorne para o Município de origem para enfrentamento da enchente, que até agora atingiu mais as cidades de Pedro Osório, com 135 pessoas desabrigadas e 65 desalojadas, e em Cerrito, com 336 desalojados e 60 desabrigados. As duas cidades, junto com Rio Grande e Arroio Grande, somam 300 famílias fora de casa desde a última sexta-feira.


Para o coordenador Regional da Defesa Civil, tenente-coronel Márcio André Facin, o mais importante agora é a comunicação entre as entidades. "Isso é importante, pois temos o compromisso de alertar a população sobre a chuva, mas não criar nenhum tipo de pânico e esta é uma oportunidade para o surgimento de fake news". Além do socorro às famílias atingidas, a Secretaria de Assistência Social de Pelotas (SAS) cedeu um galpão onde doações como produtos de limpeza, roupa infantil e colchões podem ser entregues.


A natureza não é matemática 100%

O professor de Meteorologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Julio Renato Marques, explica que de tempos em tempos ocorrem eventos mais severos. "Apesar de não estarmos na primavera, o clima já é da estação. E nessa circulação de ventos, temos a principal fonte de umidade vinda da Amazônia, agravada este ano pelo El Niño e o aquecimento dos oceanos Atlântico e o Pacifico." O que preocupa desta vez, em relação à sexta, é que o solo está encharcado e, com o volume de chuva, é possível que se tenha alagamentos. "Nossa planície absorve 40 milímetros de chuva. Nós já temos no acumulado do mês, 180 milímetros. Então é preciso estar atento para as consequências." Para o especialista, a tendência é que a formação de chuva mais fácil e mais intensa siga até dezembro.


Enquanto isso, Andreia - citada no começo da matéria - não sabe como vai recuperar as duas televisões, um roupeiro e peças de roupa que foram perdidos. A geladeira e a máquina de lavar ficaram asseguradas por tijolos, embora a notícia de mais chuva já a faz perder as esperanças. "Não sei até quando vai resistir. A água subiu muito rápido e, sinceramente, não sei o que pensar. Há noites que não durmo lembrando da água batendo à porta da minha casa".


Na mesma rua, que na sexta-feira era trafegada por botes, equipes de uma construtora executavam o PAC Farroupilha. Outra moradora da quadra, Mara Ribeiro Madeira Vargas, 64, acredita que as obras não tenham interferido no acúmulo de água na rua, mas teme agora pelos buracos que estão abrindo. Com um filho especial, na última chuva foi obrigada a ir para outro local. Ao retornar à residência descobriu que o computador do filho foi perdido. "A água chegou até as canelas e se vier mais chuva, vamos ter que sair novamente", disse ela.


Em Pelotas

Durante a manhã desta segunda, a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) reuniu-se, no Paço Municipal, com representantes de diversas secretarias, forças de segurança pública e as Defesas Civis do Município e do Estado e decidiu cancelar as aulas na rede municipal. O encontro serviu para avaliar os impactos das últimas chuvas, bem como para alinhar as forças de trabalho para as próximas instabilidades. Será mantida a Sala de Situação no Corpo de Bombeiros e equipes das secretarias já estão em alerta.


Ecosul monitora rodovias

A Ecosul informou ter um protocolo preventivo para o atendimento a eventos climáticos atípicos. A partir das informações fornecidas pela Atmosfera Meteorologia é possível prever o volume de chuva e velocidade aproximada dos ventos para cada uma das regiões da área de concessão. "As equipes de campo fazem inspeções regulares nas pontes das regiões onde o volume pluviométrico é maior e acompanham de perto a situação para que possamos tomar as decisões corretas em caso de interdição de pista", disse a gerente de atendimento ao usuário, Liliane Firmiano.


Previsão do tempo

De acordo com o Centro de Pesquisa e Previsão Meteorológica (CPPMet) da UFPel, áreas de instabilidade iniciadas ontem seguem ao longo da terça-feira, por causa da frente fria que se intensificou entre o Centro-leste da Argentina e o Uruguai, associada ao deslocamento de um centro de baixa pressão. Além disso, um fluxo de ar quente e úmido na dianteira da frente fria sobre o Uruguai e em grande parte do Rio Grande do Sul reforça para um aumento da instabilidade na camada atmosférica. Há ocorrência de tempestades, com acumulados de chuva para o decorrer de hoje, com previsão de trovoadas, rajadas de ventos fortes que podem ser superiores a 50 quilômetros por hora. As chuvas são volumosas e ficam em torno de 40 a 80 milímetros por dia, podendo chegar a cem milímetros.


Amanhã, as instabilidades se espalham pela maioria das regiões, com novo risco de temporais isolados. As chuvas volumosas persistem na Metade Sul e se espalham também para a região dos Vales e Leste.


Na quinta-feira, permanece a condição para chuva moderada a forte com vento, sobretudo na Metade Sul e nas regiões Vales, Noroeste, Norte, Leste e Nordeste. Na sexta-feira, o fluxo de umidade do oceano mantém as chuvas persistentes nas regiões Leste e Nordeste entre a madrugada e a manhã.


Ajuda

A população de todo o Estado pode se cadastrar para receber os alertas meteorológicos da Defesa Civil. Basta enviar, por SMS, o CEP da localidade para o número 40199. Também é possível realizar o cadastro via WhatsApp. Para ter acesso ao serviço, é necessário se cadastrar pelo telefone (61) 2034-4611.


Onde pedir ajuda


Defesa Civil Pelotas - 153

Defesa Civil Rio Grande - 199

Bombeiros - 193

Brigada Militar - 190

Polícia Civil - 197


por Cíntia Piegas - Jornal Diário Popular

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